sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cerco a Sarney: Repito: Coincidência ou Serra?

Quinta-feira, 18 de Junho de 2009

Extraído do Blog do Mello

Em 8 de fevereiro fiz esta postagem, que continua atual - ou está mais atual ainda. Por isso a repito, com acréscimos:
Não sei quanto a vocês, mas eu achei muito, mas muuuito estranho mesmo que tenham surgido denúncias contra os Sarney, na mesma semana em que o bigode acadêmico chegou à presidência do Senado.
Simples coincidência ou aí tem o dedo de... você sabe quem: aquele político que trabalha nos bastidores, usando de espionagem, demitindo jornalistas e maestros, apoiado pelos jornalões, especialmente os paulistas.
Pois ontem, o Estadão publicou matéria com o vazamento de um grampo da PF que teria flagrado uma possível ajuda da ABIN à família Sarney. Hoje foi o dia da Folha (aqui, para assinantes). Em novo vazamento de grampo da PF, Sarney é acusado de ter usado jornal e TV de sua propriedade para atacar seu adversário político no Maranhão, Jackson Lago. Repito: simples coincidência?
A vitória de Sarney representou uma dupla derrota para os opositores de Lula: primeiro, porque Garibaldi Aves se assanhou na presidência e vivia complicando votações de interesse do governo. Segundo, e mais importante, porque Sarney é adversário de José Serra, a quem considera como o principal responsável pelo escândalo que, em 2002, derrubou a candidatura de Roseana Sarney ao Palácio do Planalto.
Outro dia mesmo o Azenha publicou em seu blog o discurso de Sarney naquela época, de onde destaquei o trecho a seguir:
Há um fato cuja recorrência impressiona e intriga. É que toda referência a esse estilo característico de espionagem e dossiês nasce no Ministério da Saúde e envolve o ex-ministro José Serra. Não é afirmação minha, é dos jornais. Mais que uma estratégia de campanha parece uma concepção de governo.
A primeira matéria que surgiu foi na revista Carta Capital, há cerca de um ano. Aqui está o plano anunciado, que aconteceu exatamente como previsto. Leio a revista:
'...no Ministério da Saúde se teria produzido um conjunto de informações sobre atividades de Paulo Renato. Informações explosivas, pois indicariam uma das trilhas montadas pelo grupo em sua escalada rumo ao poder. Ainda segundo a história do dossiê, este teria sido montado no Ministério da Saúde, mais precisamente na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde funcionaria um sistema espionagem. ...Eram sete os agentes, incluídos um ex-SNI e SAE [hoje Abin] e um ex-chefe da Inteligência da Polícia Federal no governo Fernando Henrique.' E dá os detalhes.
A imprensa em quase sua totalidade publica que esse mesmo grupo está conectado para essas ações políticas na Polícia Federal e no Ministério Público citando o delegado Marcelo Itagiba, ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal, ex-chefe do grupo de inteligência que se formou no Ministério da Saúde e que é, atualmente, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e o Procurador José Roberto Santoro. É o que diz a Folha de S.Paulo.
'Delegado e procurador ligados a Serra atuam em investigações: o presidenciável tucano, senador José Serra (SP), conseguiu reunir sob as asas de aliados as duas principais investigações em curso que podem implodir a campanha de seus adversários. São eles o subprocurador da República José Roberto Santoro e o delegado de Polícia Federal Marcelo Itagiba.'
Continuo lendo: 'Em viagem a Palmas (Tocantins), há duas semanas, o subprocurador Santoro coordenou informalmente o pedido de busca e apreensão de documentos no escritório da pré-candidata pefelista e governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Trocou idéias com o procurador Mário Lúcio Avelar, que foi o autor do pedido, e orientou a estratégia a ser adotada.'
'José Roberto Santoro e Marcelo Itagiba fazem parte da tropa de choque de Serra no aparato policial e de investigação. Os dois já estiveram juntos antes.'
'Ex-assessor especial de Serra no Ministério da Saúde, nos dois anos anteriores, o delegado Itagiba havia demonstrado grande desenvoltura no exercício de suas funções. No dia 9 de março de 1999, por exemplo, representou o então ministro numa reunião com a diretoria da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica).'
'Foi propor aos donos e dirigentes de laboratórios brasileiros que investissem dinheiro numa entidade não-governamental a ser criada para investigar e combater a falsificação de medicamentos. A proposta foi aprovada, segundo ata da reunião.'
Não estou inventando nada sobre ninguém. Estou lendo o que foi publicado. Não houve nenhum desmentido.
Naquele tempo do noticiário da revista Carta Capital, a governadora do Maranhão não era o alvo, eram os concorrentes internos, Pedro Malan, Tasso Jereissati, Paulo Renato. O primeiro explodiu pelo veto político, foi fácil. Dossiê foi feito contra Paulo Renato, diz a revista. Tasso Jereissati também foi objeto de outro dossiê, para ser usado caso insistisse em ser candidato. Disseminou-se o método e o medo.
A serem verdade as aparências, montou-se um grupo estatal para ações políticas. Na Folha de S. Paulo, a jornalista Mônica Bergamo publica:
"Uma das primeiras atitudes do Procurador Mário Lúcio Avelar, do Tocantins, ao colocar as mãos na documentação apreendida foi disparar telefonemas para o procurador Santoro, considerado o mais próximo do candidato Serra."
"Gente, querem dizer que isso é do Serra? Então escreve: sou o procurador do Serra."
Na Saúde, o ministro Serra multiplicou gastos com empresa de ex-chefe de Telecomunicações Eletrônicas do SNI e professor da Polícia Federal. A Fence tem contratos hoje de R$ 1,87 milhão, seis vezes mais do que no ano passado, muitas vezes maior que os contratos para proteger os 33 ministros do STJ.
O Ministério da Saúde, em vez de tratar das epidemias, dá prioridade às coisas de inteligência e espionagem. "Estranhas relações com o mundo dos arapongas", é manchete do Correio Braziliense. E a revista IstoÉ desta semana: "Grampos, chantagem e baixarias".
São tantas as conexões, tantas as evidências, que não há como esconder a ligação dos atos contra a governadora do Maranhão à sucessão brasileira, que querem transformar numa farsa.
O que você acha: Naquela época e hoje, coincidência ou Serra? Quantos metros de altura terá o tapete que esconde a poeira das histórias do bigodudo do Maranhão? Por que só estão sendo ventiladas agora?


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